Se começar por dizer que, para 2023, as riscas e as calças largas são essenciais, para além de correr o risco de desistirem da leitura, terei que fazer um paralelo dessa moda à cultura ou forma de atuar das organizações o que, tendo em conta o exemplo redutor das riscas e das calças, não será muito fácil! Por outro lado, é interessante pensar ou refletir que uma tendência quando falamos em workforce vai muito para além de uma moda de calças, camisolas, botas ou sapatos!
Se até na moda, a tendência está a ir muito para além do bonito ou fashion e começam a ser mais valorizados parâmetros como a sustentabilidade, a responsabilidade social, a não utilização de peles animais, entre outros, também nas empresas aquilo que satisfazia os colaboradores deve ser visto muito para além dos benefícios que, durante anos, nos habituamos a propor ou preparar para angariar ou reter pessoas.
Há tendências e há constatações de fato. Um salário justo, ser tratado com respeito e consideração nunca sairá de “moda”. Quanto à restante lista, ela é cada vez mais flexível e adaptável aos tempos.
Se na era dot-com os matraquilhos ou ping pong eram cobiçados, uma década antes um PPR era um must.
A força de trabalho está a evoluir com a Geração Z, hoje cerca de 32% da população do planeta e que pensa de forma francamente diferente da geração Millenial ou da geração Baby Boomers.
Estejamos conscientes de que o salário será sempre importante. Porém, de acordo com um estudo de HBR a justiça e equidade serão temas decisores. Sabemos que a flexibilidade continua no topo da lista. Se as empresas conseguiram trabalhar durante a pandemia com trabalho remoto não há razão para que isso não continue a acontecer, ainda que, parcialmente. Adivinha-se, porém, que a tendência será cada vez mais a flexibilização do “quando” mais do que o “onde”! Por outras palavras, as pessoas irão apreciar ter um maior controlo sobre as horas que trabalham transformando a lógica de obsessão por horários em foco nos objetivos (goal oriented).
Tudo indica que a aposta assenta, maioritariamente, em dois fatores:
1 – Promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
61% dos colaboradores colocam uma enorme ênfase neste aspecto (Gallup Organization). Planos que apoiem a saúde mental e que não penalizem os colaboradores que ficam em casa quando estão doentes, tirar um dia, pontualmente, para carregar baterias é encorajado e bem aceite pela empresa, etc.
2- Diminuir a “semana de trabalho” em detrimento de aumento de salário.
As tendencias são o que são. De umas gostamos mais de outras gostamos menos, mas, ao contrário da moda de calças ou camisolas, estas podem representar a maior ou menor felicidade das pessoas que produzem, ou não, os resultados nas empresas.
Nota: Artigo publicado na revista RH Magazine nº143 – Novembro / Dezembro 2022.