2020 foi um ano de tremendas alterações no mundo a que não podemos ficar indiferentes quando falamos em gestão de pessoas. Esse ano mostrou-nos que nem todas as verdades absolutas que tínhamos “instaladas” o são. Hoje assistimos a inúmeras organizações que trocaram os “planos” por “cenários”, que flexibilizaram os horários e locais de trabalho, que reúnem exclusivamente online, que se cruzam sempre de máscara, etc. Os exemplos são mais do que muitos neste “novo normal”.
Historicamente, sempre que o mundo apresenta uma mudança significativa as organizações moldam-se em formas, frequentemente, não antes vistas.
De acordo com a publicação “What your future employees want most” (HBR, Maio 2021) que nos dá a conhecer alguns resultados do estudo Talent Accelerator, do projeto Citrix’s work 2035 elaborado com mais de 2000 colaboradores e 500 diretores de recursos humanos existem 3 prioridades a que devemos estar atentos num futuro próximo:
88% afirmam que quando procuram um trabalho querem aqueles que lhes ofereçam flexibilidade horária e de local e 76% acredita que será dada prioridade ao estilo de vida, mesmo que isso signifique um corte salarial. 83% está disposto a mudar das grandes cidades e a criar novos polos de trabalho em áreas rurais.
Os colaboradores cada vez mais querem ser medidos por aquilo que entregam e não pela quantidade entregue (value not volume). Enquanto 86% afirmaram que preferem trabalhar para uma empresa que priorize o outcome em relação ao output, ou seja, preferem uma empresa com uma abordagem mais holística em relação ao trabalho produzido apenas 69% dos DRH afirmam que a sua empresa trabalha assim e apenas cerca de 50% afirmam que a sua organização seria mais produtiva se os seus líderes confiassem nas suas pessoas para ter o trabalho feito mais do que monitorizar o seu progresso. Será por isso expectável que as empresas trabalhem para diminuir este gap dando aos seus colaboradores o espaço de que precisam para desbloquear o seu verdadeiro potencial.
O ponto onde líderes e colaboradores estão de acordo é na preferência de trabalhar com uma equipa diversificada. 86% dos empregados e 66% dos DRH afirmam que uma equipa diversificada será cada vez mais importante tendo em conta as necessidades de competências e funções que as empresas precisam de ter.
Torna-se assim evidente que depois de tempos que nos trouxeram, entre outras coisas, uma tremenda revolução tecnológica as empresas terão uma necessidade absoluta de repensar a forma como atraem, retêm e gerem o seu talento abraçando uma fórmula que combine modelos de trabalho flexíveis, um acompanhamento focado no valor em detrimento do volume e a diversidade das equipas.
Nota: Nota: Artigo publicado na revista RH Magazine nº 137 – Dezembro 2021