É importante frisar que apesar de existirem várias entidades com a preocupação de promover a ética nesta atividade, como são o ICF – International Coach Federetion ou a IAC-International Association of Coaching, entre outras, o coaching continua a ser uma atividade não regulada o que significa que não é difícil encontrar no mercado bons, médios e maus profissionais.
Não pratico coaching individual de forma isolada, faço-o com frequência desde que integrado num determinado projeto, mas, pelo facto de ser certificada e de o fazer com equipas de alta direção, é frequente surgirem solicitações para o fazer também ao nível individual e de forma isolada. Tendo em conta que não o faço a minha preocupação passa por pedir algum contexto e ver quem posso recomendar. E é nesta altura que, muitas vezes, percebo que chamamos coaching a tantas práticas que de coaching não têm mesmo nada. A confusão mais usual existe entre coaching, mentoring e consultoria, porém, talvez a mais perigosa seja aquela que o confunde com a psicologia ou mesmo a prática que passa pela manipulação ou vontade de influenciar decisões e comportamentos.
Se não vejamos:
Coaching é um processo centrado no presente e no “coachee”, é não diretivo e não deve oferecer soluções diretas. Centra-se em potenciar as competências do “coachee” e fazer com que lhe seja mais fácil encontrar, respostas, caminhos, objetivos ou mesmo perguntas. Se o seu coach lhe der conselhos, desconfie!
Mentoring, por sua vez, é um processo que tem por base a experiência do “mentor” que sempre deve proteger o seu “mentee”. É um processo que pode e deve contemplar aconselhamento direto e orientações com base na experiência do mentor.
Em Consultoria, o consultor é chamado para fornecer soluções especificas para um determinado problema que exige um expertise numa determinada área.
Se o coaching faz sentido ou não?
Claro que sim. Se produz resultados? Sem dúvida. O que não faz sentido é acreditar que é a solução para tudo e que de uma forma isolada e simples resolve todos os problemas de um mundo organizacional a cada dia mais complexo. O que também não faz sentido é chamar coaching a um conjunto de práticas que, definitivamente, não o são. Cada vez mais, quando falamos em crescimento individual ou organizacional é fundamental promover uma abordagem holística onde o coaching é sem dúvida uma disciplina poderosa e arrisco dizer, essencial.
Artigo publicado no Jornal da Madeira, edição de 21.09.2023
